quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CIÊNCIA X FÉ RICHARD DAWKINS E FRANCIS COLLINS

Debate produzido pela revista americanaTime. O material foi traduzido para o português por Eliel Vieira(eliel@elielvieira.org) e Amauri Alves(amauri.alves@gmail.com), sendo postado originalmente  emelielvieira.org. Todo o debate foi re-diagramado e re-postado no blog Deus em Debate.
Aqui eu resolvi colocar apenas uma pequena parte do debate:

TIME:Professor Dawkins, para uma pessoa que verdadeiramente entende sobre ciência, então Deus deve ser considerado um delírio, como o título do seu livro sugere?
DAWKINS: A questão se existe um criador sobrenatural, um Deus, é uma das questões mais importantes que nós temos que responder. Eu acho que esta é uma questão científica. Minha resposta é que não existe.
TIME:Dr. Collins, você acredita que a Ciência é compatível com a fé cristã?
COLLINS:Sim. A existência de Deus é verdadeira ou falsa. Mas chamar esta questão de científica implica que as ferramentas que a ciência possui podem prover a resposta. De minha perspectiva, Deus não pode ser completamente contido dentro da natureza e, portanto, está fora da capacidade da ciência prover uma resposta sobre a existência de Deus.
TIME:Stephen Jay Gould, um paleontologista de Havard, ficou famoso por argumentar que religião e ciência podem coexistir por ocuparem compartimentos separados. Vocês dois parecem discordar disto.
COLLINS:Gould estabelece um muro artificial entre as duas visões do mundo que não existe na minha vida. Por acreditar no poder criativo de Deus em ter trago tudo para existência no começo, penso que estudar o mundo natural é a melhor oportunidade que tenho para observar a majestade, a elegância e a complexidade da criação de Deus.
DAWKINS: Eu acho que a separação dos compartimentos por Gould foi uma jogada puramente política para trazer pessoas religiosas para o campo da ciência. Mas esta idéia é muito vazia. Existem muitos lugares onde a religião não pode se manter ao largo da relva científica. Qualquer crença em milagres é plenamente contraditória não apenas com os fatos da ciência, mas também com o espírito da ciência.
TIME:Professor Dawkins, você acha que a teoria evolucionária de Darwin faz mais do que
simplesmente contradizer a história do Gênesis.
DAWKINS: Sim. Por séculos o mais poderoso argumento para a existência de Deus era o chamado “argumento do Design”: seres vivos são tão belos e elegantes e aparentemente tão complexos que eles só podem ter sido criados por um designer inteligente. Mas Darwin nos deu uma explicação muito mais simples. Seu caminho é gradual, uma crescente melhoria de um início muito simples, trabalhado passo a passo para a maior complexidade, elegância e perfeita adaptação. Cada etapa não é tão improvável para nós entendermos. Mas quando você as reuni cumulativamente através de milhões de anos, você obtém estes monstros de improbabilidade, como o cérebro humano. Isto deve nos alertar contra aqueles que, novamente, dizem que o fato de alguma coisa ser complicada, Deus deve ter feito esta coisa.
COLLINS:Eu não vejo como a explicação básica do Professor Dawkins sobre a evolução seja incompatível com um Deus que tenha a projetado.
TIME:Quando, se este projeto aconteceu?
COLLINS:Estando fora da natureza, Deus está também fora do Espaço e do Tempo. Assim, no momento da criação do universo, Deus poderia ter ativado a evolução, com total conhecimento  do que ela geraria, talvez até incluindo nossa conversa agora. A idéia de que ele poderia prever o futuro e também nos dar um espírito e livre-arbítrio para tomar nossas decisões se torna completamente aceitável.
DAWKINS: Eu acho que está é uma tremenda evasão de responsabilidade. Se Deus quisesse criar a vida e os seres humanos, seria um pouco estranho ele escolher esta forma extraordinariamente complicada, esperar 10 bilhões de anos antes da vida começar, então esperar por outros 4 bilhões de anos até ter seres humanos capazes de adorar, pecar e todas estas outras coisas emque as pessoas religiosas estão interessadas.
COLLINS:Quem somos nós para dizer que esta é uma forma estranha de se fazer uma coisa? Eu não acho que seja do propósito de Deus fazer sua intenção absolutamente óbvia para nós. Se seu propósito era ser uma divindade que nós devêssemos buscar sem sermos forçados a isso, não teria sido sensato a ele usar o mecanismo de evolução sem estabelecer óbvias placas rodoviárias que revelem seu papel na criação?