segunda-feira, 11 de julho de 2011

O QUE É FILOSOFIA?


“A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo” (Merleauni Ponty).

Sócrates é dos primeiros grandes exemplos de Filósofo. Considerado um grande filósofo da antiguidade, Sócrates costumava parar as pessoas em praça pública e fazer questionamentos sobre determinados assuntos que julgava interessante. Dizia-se ignorante sobre o assunto e colocava o interlocutor em tal situação que não havia saída senão reconhecer a própria ignorância. O que o autor quer mostrar é que Sócrates não ficava confinado em um gabinete contemplando o seu próprio umbigo ele ia até o povo. Ao fazer isso Sócrates torna-se um “subversivo” porque “desnorteia”, perturba a “ordem” do conhecer e do fazer e, portanto, deve morrer. Por ser alteradora da ordem, a filosofia  perturba, incomoda e é sempre “expulsa da cidade”, mesmo quando as pessoas se riem do filósofo ou o consideram “inútil”. Talvez tenha esse sido o motivo pelo qual retirou-se dos cursos secundários a disciplina de filosofia.
É importante lembrar, que o trabalho filosófico é essencialmente teórico. O que não significa que a filosofia esteja à margem do mundo. Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se. Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, “não há filósofo que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar”. Isto significa que a filosofia é, sobretudo uma atitude, um pensar permanente. No começo a filosofia estava ligada a ciência, sendo o filósofo o sábio que refletia. A partir do século XVII, a revolução metodológica iniciada por Galileu promove a autonomia da ciência e o seu desligamento da filosofia. Na verdade o que podemos ver é que a filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida do homem trabalhando na linha de montagem. Não vê apenas como é, mas como deveria ser.
Segundo Gramsci, “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também um filósofo, que não pense, precisamente porque pensar é próprio do homem como tal”. Isso significa que as questões filosóficas fazem parte do cotidiano de todos nós. Porém devemos deixar claro que o simples fato de refletir não faz do homem um filósofo. A palavra reflexão quando examinada da à idéia de imagem refletida no espelho, há um “desdobramento”, pois estamos aqui e estamos lá. Portanto refletir é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar para si mesmo em questão o que já se conhece. É Gramsci quem vai dizer: “o filósofo profissional ou técnico não só ‘pensa’ com maior rigor lógico, com maior coerência, com maior espírito de sistema do que os outros homens, mas conhece toda a história do pensamento, sabe explicar o desenvolvimento que o pensamento teve até ele e é capaz de retomar os problemas a partir do ponto em que se encontram, depois de terem sofrido as mais variadas tentativas de solução”. O professor Demerval Saviani que diz que a reflexão filosófica é radical, rigorosa, e de conjunto.
Radical não no sentido de ser inflexível, mas enquanto busca explicar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. Rigorosa porque enquanto a “filosofia de vida”, aquela do homem cotidiano, não leva as conclusões até as últimas conseqüências, e nem sempre é capaz de examinar os fundamentos delas, o filosofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência e o exercício da critica.
De conjunto porque enquanto as ciências são particulares, porque abordam “recortes” da realidade e se distinguem de outras formas de conhecimento, e a ação humana se expressa na mais variadas formas (técnica, magia, arte, política etc), a filosofia é globalizante porque examina os problemas sob a perspectiva de conjunto, relacionando os diversos aspectos entre si. Daí a função de interdisciplinaridade da filosofia. E porque é necessário filosofia? A filosofia é importante porque é um meio da reflexão filosófica permitir ao homem ter mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato no qual o “o homem prático” se encontra mergulhado.
A filosofia não pode ser dogmática, ou seja, aquilo que leva o individuo a certeza de uma doutrina, nem tampouco cética, ou seja, aquilo que leva o homem a conclui pela impossibilidade de toda certeza e, nesse sentido, considera inútil a busca que não leva a lugar nenhum.