sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Perguntas e respostas sobre o texto do Reverendo Augustus Nicodemus: A Alma Católica dos Evangélicos no Brasil.

1-      O número de evangélicos no país tem crescido muito nos últimos anos. Mas de acordo com o texto do Rev Augustus Nicodemus boa parte deles não consegue se livrar da herança católica. Por que isso acontece?
R. Sem duvida a conversão verdadeira gera arrependimento e fé porém uma mudança espiritual e moral não significam necessariamente uma mudança na maneira de como a pessoa vê o mundo. De acordo com o texto foi isso que aconteceu em Coríntios, motivo pelo qual Paulo escreveu advertindo-os sobre a maneira ainda pagã de ver o mundo onde, o culto à personalidade, mantido para com os filósofos gregos, permanecia o que levou a igreja a formar partidos em torno de Paulo, Apolo, Pedro e o próprio Cristo. O mesmo tem acontecido hoje em dia. O individuo se converte mas continua com necessidade de ter algo palpável para depositar a sua fé. É daí que surgem então o manto sagrado, óleo ungido, água abençoada etc.
2- O que há de semelhante entre o sistema eclesiástico governamental dos católicos romanos e de algumas igrejas evangélicas dos nossos dias?
R. Entre os católicos romanos é comum impor aos clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) autoridade superior a de todos os homens. Na visão católica o sacerdote é representante legal de Deus na Terra. Há alma católica dos evangélicos brasileiros absorveu isso muito bem. Hoje é comum vermos igrejas, ditas evangélicas, que desenvolvem um sistema governamental semelhante. Pessoas se auto intitulam bispos, ou pior, Apóstolos e desenvolve na igreja uma autoridade tal ao ponto de se achar o pleno representante de Deus na Terra. A oração dele (do Apóstolo) tem mais poder do que a dos homens comuns. Por isso que é comum vermos em programas de televisão esses “Apóstolos” dizendo algo do tipo: vai a minha fé te curou.
3- É comum nas igrejas vermos irmãos pedindo para que os pastores orem por seus problemas e até pessoas não evangélicas (as chamadas amigas do evangelho) muitas vezes recorrem aos pastores na hora da dificuldade. O que há de mais nisso?
R. Realmente não há nenhum problema nisso. A bíblia nos recomenda a orarmos uns pelos outros. O problema é quando eu passo a acreditar que apenas a oração do pastor ou do tal “Apóstolo” tem mais poder que as orações dos demais irmãos. Isso acontece mais uma vez devido a herança católica onde o sacerdote é visto como aquele através de quem a graça é concedida. Segundo o Rev Nicodemus esse ranço do Catolicismo Romano tem sido cada vez mais explorado pelos setores neopentecostais, a julgar por práticas já assimiladas como “oração dos 318 homens de Deus”, a “prece poderosa do bispo tal”, a oração da irmã fulana, que é profetisa” etc. 
4- Existe algum problema em beber uma água abençoada? Ou me dirigir a um local especifico (um monte, por exemplo) para orar? Ou ainda ser ungido com óleo santo?
R. Acredito que devamos agradecer a Deus por todas as nossas refeições, por tudo que ele nos dá, inclusive a água que bebemos. Mas o fato de eu orar ou alguém orar sobre o copo de água não a tornará santa nem terá ela poderes miraculosos, pelo menos não existe nenhuma base bíblica para isso. O mesmo vale para orações que são feitas em monte e vales. A eficácia dessas orações pode ser a mesma da oração feita em casa. A questão de tudo isso é que mais uma vez somos influenciados pelo misticismo católico que ao chegar ao Brasil foi influenciado pelas religiões afro-brasileiras. Daí surgem então os milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros.
5- Devemos separar o sagrado do profano?
R. Na visão católica sim. A idéia de que o mundo esta dividido entre duas realidades coexistentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis surgiu na idade media com o grande teólogo católico Tomás de Aquino. Os evangélicos herdarão essa visão. Outro dia ouvi até um pastor dizer: “porque existem coisas que são sagradas e coisas que são profanas”. O sagrado é ir a missão (no caso dos evangélicos, ao culto) o profano é meu trabalho, meus estudos etc. Segundo o Rev Nicodemus falta-nos uma mentalidade que integre fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado.    
6- Somente os pecados sexuais são realmente graves?
R. É comum entre os católicos romanos fazer separação entre pecados mortais e veniais, ou seja, aqueles que são mais leves. Em geral a “mentirinha” o jeitinho brasileiro, o tirar vantagem etc são considerados pecadinhos leves. Já a fornicação, adultério, prostituição e outros pecados de natureza sexual são considerados graves e podem até retirar a salvação do individuo (no caso daqueles que acreditam que a salvação pode ser perdida). No meio evangélico a mesma mentalidade existe. É comum vermos irmãos sendo disciplinados ou até afastados do rol de membros pelos pecados sexuais. Mas o pior de tudo é saber que até mesmo esse tipo de pecado tem sido mais aceito pelas igrejas. Devemos ter sempre em mente que pecado é pecado. Não existe pecadinho nem pecadão apenas conseqüências diferentes para cada tipo de pecado.