quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Resenha A Hermeneutica Escatologica de Paulo

C. Timóteo Carriker. A Hermenêutica Escatológica de Paulo: 1 Coríntios 15. 23-28. Fides Reformata 5/1 (2000) 117-134.  

            No presente artigo o autor, o missionário da Igreja Presbiteriana (E.U.A) Dr. Timóteo Carriker,  traz uma reflexão sobre a hermenêutica escatológica do apóstolo Paulo, a qual pode ser observada através da leitura da Carta aos Coríntios, capitulo 15 versículos de 23 até o 28.
            Através de uma linguagem clara e concisa, o missionário Carriker demonstra em seu artigo a importância escatológica na hermenêutica contextual do apóstolo Paulo. Este artigo, segundo o próprio autor, é um complemento de dois outros trabalhos anteriores sobre a influência do apocaliptismo de modo geral no ministério e na teologia de Paulo e o outro sobre essa influência na Carta aos Romanos.
Nas 17 páginas do artigo, o autor aborda os aspectos através do qual, Paulo vai ao longo de sua Carta aos Coríntios, revelando a sua autoridade apostólica e sua visão apocalíptica.
A fim de demonstrar as freqüentes imagens escatológicas de Paulo, o autor cita o escritor David Scholer, que em um de seus trabalhos, enumera 7 categorias de material escatológico e apocalíptico encontrado ao longo da Carta aos Coríntios a saber: 1- o dualismo temporal e a iminência sobre o fim dos séculos ( em 1Co 10. 11 Paulo emprega o termo (...) de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado); 2- a ressurreição futura dos crentes, baseada na ressurreição de Cristo; 3- o material revelador, referente ao significado da morte de Cristo dentro do plano secreto e oculto de Deus; 4- uma perspectiva apocalíptica do juízo final; 5- uma perspectiva apocalíptica das regiões celestiais e a participação dos crentes no julgamento dos anjos; 6- dualismo social-temporal e julgamento na explicação da morte inesperada de alguns crentes e 7- o conceito peculiarmente apocalíptico da transcendência sobre a morte. 
O missionário Carriker esclarece que Paulo tinha a intenção de deixar clara a sua posição com relação a sua visão escatológica. Ele observa claramente que em vários momentos de sua Carta à comunidade de Coríntios, Paulo deixa explicita sua autoridade como apóstolo e ainda se coloca como sendo o menor dos apóstolos. Aqui vale ressaltar que o termo “menor” de acordo com o artigo não quer dizer o mais humilde, mas sim, o mais novo dos apóstolos, como uma família de muitos filhos e ele sendo o caçula, o último  (1Co 15.8 (...) como por um nascido fora de tempo). Neste sentido, Carriker quer deixar claro que Paulo compreendia seu ministério dentro de um contexto escatológico da missão gentílica apocalipticamente inaugurada.
             Após esclarecer como Paulo responde as questões feitas por ele mesmo nos capítulos 12, 13 e 14, o autor expõe a visão apocalíptica de Paulo a qual fica bem clara no capitulo 15. 
            O capitulo 15 é na verdade a resposta (ou parte das respostas) as questões dos três capítulos anteriores, ou seja, o que o autor chama de hiper-espiritualidade dos coríntios, que despreza o mundo material e por isso a natureza corporal da ressurreição de Cristo e deles próprios. Neste capítulo, Paulo através de vários argumentos, esclarece aos coríntios que através da lógica fica claro que se os mortos não ressuscitam então Cristo não ressuscitou, e ainda mais, não há nem evangelho, nem esperança, isto é, não há razão para manterem a sua fé.
            Por fim, Carriker traz a nós o que ele chama de “O argumento radicalmente escatológico de Paulo”. Onde Paulo coloca uma ordem fixa de eventos que antecedem o fim. Essa ordem é descrita nos versículos 23 e 24 do capítulo 15 da Carta aos Coríntios: “23Cada um, porém, por sua própria ordem: as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda 24e, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai e houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder”. Segundo o missionário, as seguintes qualidades tipicamente apocalípticas aparecem aqui: uma ordem fixa de eventos, a autoridade dos poderes do mal, o reino do Messias e uma dimensão cosmológica.
            Vemos, portanto em todo o artigo a preocupação do autor em trazer ao leitor uma interpretação clara daquilo que Paulo queria que os coríntios percebessem, ou seja, sua autoridade apostólica, a crença plena na ressurreição dos mortos e sua hermenêutica escatológica. 
            O artigo do missionário C. Timóteo Carriker é sem duvida nenhuma uma rica fonte de esclarecimento sobre a hermenêutica escatológica paulina e pode servir de base não só para reflexões teológicas como também um esclarecedor texto para aqueles que têm interesse pelos temas escatológicos.
            O autor do artigo, o missionário Dr. C. Timóteo Carriker, é Bacharel em Ciências da Religião pela Universidade da Carolina do Norte, Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Gordon-Conwell, Mestre em Missiologia e Doutor em Estudos Interculturais (PhD) pelo Seminário Teológico Fuller. É missiologo e trabalha com a Igreja Presbiteriana independente do Brasil.


Jéferson Marques, aluno do curso de Bacharelado em teologia do Centro de Educação Teológica

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